Eu não sei se o meu nome é o mesmo de antes
E se eu me descartei no meu discurso não falado?
Eu acordo meio dia e me sinto um viajante do tempo
Tentar viver de nostalgia não cura um osso fraturado
No fim eu não gosto tanto assim de café
Mas eu segurar essa xícara me lembra a casa dos meus pais
Eu estou tão perto de avaré
Ano passado eu costumava ter um plano
Vaselina no cabelo mas não estava comemorando
E se eu perdi as minhas chances e eu estou preso em um momento?
Eu sou um viajante do tempo
Eu não sei se a minha casa é a mesma de antes
E se os lugares que eu durmo forem amaldiçoados?
Aspirante à groupie em ascendência lenta
Cegado pelas luzes gatsby, vivendo nos anos 60
E se os filmes que eu assisto tiverem frames não lançados?
Eu sou um viajante do tempo
Cheiro de alecrim queimado, bilhete velho amassado
No bolso do meu casaco azul, correndo na rodoviária
E se o atrito gera fogo eu quero começar algo novo
Mudo minha roupa e minha verdade como ontem mudei de cidade
A rua agora me recebe em São Paulo com o olhar de um cretino de um pai autoritário
Me fazendo relembrar do porquê eu matei minha família por um troféu imaginário
Tinha vinho country derramado no chão branco do meu quarto
Eu não bebi tudo sozinho, eu estava no interior
Eu amei essas meninas com todo meu amor
Não me inventei por conta própria
Me ensinei sempre a fugir, caí nesse lugar, quero continuar aqui
Jovem, vivo e sonhador
Eu sou um viajante do tempo
Eu não sei se o meu nome é o mesmo de antes
Eu sinto falta do meu eu chorando bêbado na emapa
Aos dezesseis eu costumava ter um plano mas eu pisquei por um segundo e se passaram quatro anos
E se o colar que eu ganhei foi de um traidor excruciado?