Peço licença Com cautela me mostro Calculo o risco e aposto minha chance de ficar em paz (Mas tanto faz) Peço a palavra Com muita calma duelo Meço a palavra e revelo conflitos de qualquer cabeça! A língua vibra uma fala extensa Sem classe, sem categoria, sem categorização Não sou artista não No máximo ensaísta ou penso a dor (O resultado da dor, do alívio e do sentir nada) Mero abridor de vida enlatada! Mero abridor de vida enlatada! Então não cabe rótulo Não cabe mestre, não cabe apóstolo Nem hóstia, nem vinho, nem ósculo, nem convenção, nem direção Vez em quando me chamam Perdição Sou apóstata Apóstata A-pos-ta-ta E passo de toda fé, de toda verdade absoluta Tenho a crença enxuta no desconhecido e Depois de ter anoitecido Amanheci E acordo comigo mesmo um acordo de se manter acordado Viver é sempre resultado da mudança Dispenso a esperança de permanecer igual Amanheci animal E não anoiteço mais Aconteço, aliás, do jeito animalesco de acontecer Sempre pergunto o que é viver Sempre pergunto o que é viver! E sempre me meto a responder da forma mais imperfeita Acendo um careto e ilumino algum careta