1 para o ar que tranca o quarto
2 para o frio que lambe a espinha
3 para o retrato que se estampa do lado
De dentro da testa, a te encarar
4 para os passos miúdos por trás
Resvalando entre a cama e a escrivaninha
5 para as ondas que batem e que voltam
E que puxam um corpo que não sai de onde está
6 para as grandes orelhas
7 para os dentes afiados
8 para as patas querendo agarrar
9 para a boca que quer gritar!
10 para os esforços em vão
Tentáculos que brotam do colchão
Músculos paralisados, órgãos acelerados
O terror que ela emana
A ratazana!
O grito mudo que não quer sair
As pernas que não podem fugir
Os olhos se recusam a abrir
As bochechas se incham numa gargalhada tremida
E os bigodes quase espetam a sua nuca
E a cabeça de palha chacoalha
Junto ao travesseiro
Enquanto se inflama, qual ardente mortalha!
6 para as grandes orelhas
7 para os dentes afiados
8 para as patas querendo agarrar
9 para a boca que quer gritar!
10 para os esforços em vão
Tentáculos que brotam do colchão
Músculos paralisados, órgãos acelerados
O terror que ela emana
A ratazana!
Ela veio dos teus pesadelos mais densos
E não espera que você a visite
Ela sai do buraco e percorre os cantos
Lentamente, e depois de algumas noites, você sente sua funesta presença
A voz nasal, o olhar infernal
A risada fatal, o que será, afinal?
A voz nasal, o olhar infernal
A risada fatal, marionete banal?
A voz nasal, o olhar infernal
A risada fatal, estrangulamento letal!
A voz nasal, o olhar infernal
A risada fatal, a encarnação do mal!
A ratazana!