Ô Francis Rosa, parece que o tempo tá meio revortoso!! Luiz Ferreira, eu acho que é um pé de vento que tá levantano! Crenduspai O céu foi escurecendo O pé de vento se formando Desci a serra a galope E a todos fui avisando Quando o pé de vento forma A correria começa Quem tem fé já vai rezando E todo mundo tem pressa Tudo o que é vivo se esconde Tudo o que é leve se pega A roupa sai do varal Senão o vento carrega Toda a passarada some E a luz do Sol sossega Quem viu o temporal formando Sabe do que estou falando Assina embaixo e não nega Bem lá do alto da serra Já se vê a mata abrindo Na curva do estradão O poeirão vai subindo Ele passa assoviando Todo mundo se apavora Vai faltando ar lá dentro E vai sobrando ar lá fora Ele passa em rodopio Ligeiro, desenfreado Não tem dia, não tem noite Não tem certo nem errado Não respeita velho ou novo Nem solteiro e nem casado Passa com total frieza O vento, por natureza É muito mal-educado Todo mundo sai de casa Depois que o vento passa Vem analisar a sobra Da sua obra devassa Tem muita cerca caída Muita casa sem telhado Tem coisas na nossa roça Que é de outro povoado Muita janela quebrada Sofreu toda a plantação Tocos para arrancar Muitas árvores no chão O cata-vento foi embora Sumiu na imensidão Todo mundo aborrecido Eu me sinto agradecido Por estar com os pés no chão Óia que nem precisa tê asa pra voá! Precisa nada!