ainda me lembro de ti.
tão cheio de ti mesmo.
passeando tua esfinge
de príncipe de alta casta.
alguém que já nem finge
que amar-se a si mesmo basta!

havia sempre alguém 
a prestar vassalagem 
e a render-se à tua imagem
de Narciso bem penteado
tirando da garagem um coração cromado!

julgavas que a vida era um chevrolet vermelho
que a beleza bastava 
para seres do mundo lago mas quebrando-se o espelho
não aguentaste o estrago.

E eu que verti uma lágrima
Por não merecer o teu olhar
Pergunto a mim mesma como pude um dia 
por ti chorar.

narciso, sobre rodas vem
narciso
sobre rodas

e agora encontrar-te pergunto a mim mesmo
como pude  um dia sequer amar-te
e agora encontrar-te pergunto a mim mesmo
como pude sequer amar-te
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