Enquanto o Trindade louvava o Divino Surgiu um grã-fino num certo salão Falando horrores com ares de troça Da gente da roça que cuida do chão Mas entre os presentes, um moço que ouvia Com diplomacia chamou-lhe a atenção Eu venho pedir-lhe, seu mau brasileiro Que trate o roceiro com educação Jogando pra trás os cabelos compridos Num gesto atrevido falou arrogante Quem és, oh, Caipira, com esta rompança? Te dar confiança me é humilhante Meu pai tem riquezas e na sociedade Só faço amizade com gente importante E quem te apoia, caipira atrasado Procure atestado de ignorante Respondeu o moço com educação Vim ver o sertão onde fui criado Agora a verdade tem que vir à tona Não me impressiona seu papo furado Que vale esta panca de rico fingido Se és atrevido ou mal educado Sou pobre e humilde, mas digo a verdade Que na faculdade eu fui diplomado Respeito e defendo o nosso roceiro Que ganha dinheiro lavrando o chão Sem ele coitado, que alguns enriquecem E às vezes se esquecem que comem feijão Ouvindo estas frases, toda a caboclada Em fila formada apertaram-lhe a mão E o moço grã-fino vencido bradava Eu não esperava por esta lição