Quando a gente é muito jovem Não percebe o tempo Envergando o corpo Como um pé de vento Corroendo a pele Feito sal do mar Nem repara na jornada Tanto desperdício Tanta forma errada De prazer e vício Porque tem de sobra Vida pra gastar Quando a gente encara o mundo Bem na flor da idade Só faz o que quer Só o que dá vontade Porque não enxerga O espinho da ilusão Entra em tanta causa errada Que a razão se cala Mesmo errando a estrada A gente nem se abala Porque só quem fala É a voz do coração Quando lembro cada página do meu passado Nunca me arrependo Do que foi lembrado Do que foi riscado E dado pra viver E hoje sem desgosto Olhando pro meu rosto No revés do espelho Eu não tenho aviso Nem vou dar conselho Tudo sempre tem seu tempo De aprender Acho só que vale à pena Quando o olhar se fecha Ver que é uma saudade Em vez de alguma queixa O que a gente deixa Depois de Morrer