A vida não perde o prumo E assim vai seguindo o seu rumo Desliza nos trilhos do tempo Destrancando as portas do mundo Florescendo a mata da serra Dourando de sol nossa terra A vida não se reserva Seja inverno ou primavera Segue o remanso lento Esse rio imenso que quer chegar Vai na força da vida que o convida A nunca parar Na solidão da terra A cigarra espera pra ver chegar O dia em que cantará pra misturar a voz Na voz que a vida tem A vida nunca desiste É certo outro dia virá E assim a semente cresce O fruto aparece pra confirmar E a luz que ao nascer da aurora Despede a noite que dormirá E a estrela resguarda o brilho pra Que depois possa rebrilhar A vida é parto constante É pátria de todo andante Quem chega, quem parte, quem fica Reparte a dor da partida Em todos os cantos do mundo Ao nobre e ao vagabundo A vida sorri generosa Despertando verso e prosa Segue o poeta triste A dor que insiste em resguardar Cestos de alegrias que se iluminam De poema e sol Segue a boiada mansa Que na estrada avança querendo chegar E eu vou seguindo a vida Que vai amansando o meu coração