Pra mim foi difícil. Foi preciso me libertar e Derrotar o senhor do fracasso, dos pensamentos Limitados, depois disso, no pódio da vida brilhava Sozinho: o incendiário Textos, textos e mais textos escritos Livros lidos, relidos e devolvidos Distribuídos adiante, avante discípulos Não era uma pedra, mas estilhaçava vidros Despertou o menino O fogo que quando queima Desperta quem tava dormindo O fogo se alastra, o caçador vira caça A chama da consciência briga, alivia, devasta Ela geme lareira, fogueira Fogo na madeira, fumaça Distorce o contexto, arruma pretexto Fecha o cerco, ameaça Sou carro pro racha, sou burro, sou caixa Sou bala, sou brasa, o microfone que rasga o verbo e Embala a fala Já fui lança, espada, fui flexa, fui faca, fui clave D'água Atual e primata, de zumbi à Zapata, de ponta à ponta O que conta o mapa? Chão onde perversos criaram impérios e farsas Explorando, levando minérios, basta Aos dread's, à pele, ao carvão, ao rasta O RAP uma nação em construção, uma casa Comunhão entre os irmãos, sim, fim do medo De tanto brincar, quebrou o brinquedo O conto das ruas, o sol ou a lua, as lendas libertárias Engrossam e reforçam as veias coronárias E o sangue frio, pulsa, servilha O incendiário tem QG em Brasília O incendiário, o incendiário: Eu sou o cobrador, o terror, em forma de gente O incendiário, o incendiário: Eu sou o cobrador, o terror, em forma de gente Meu nome é Altino Jesus do Sacramento Criado nas ruas de Ilhéus como indigente Desprezado, largado, Mas fui recolhido pelo QG e recebido E me deram o nome de: O incendiário Cavalo sem dono, selvagem Não aceita rédias Aqui na lei da selva vida certa é minha regra Eu vim em prol da plebe 40 graus de febre É pata de monstro na cabeça dos vermes Acordei, despertei Levantei desde cedo Eu me livrei da dor Da fome, do pesadelo Minha fé, minha mente Resistente não dá falha Me livra da vala Da maldita navalha Sou a volta Da revolta de quem tava adormecido Sou a volta Da revolta do moleque oprimido Ação sempre pensada Na calma de um monge Pois um ato impensado Corrompe, mata o homem Sou pelo povo pobre Na favela dos estados No ataque predatório No farol fechado A cobrança sendo feita Avante proletário Quem não deve, não trema, não tremas Justiça é meu lema Dizia Sabotage: "Gato preto é ladrão de cena" Sou problema, comprenda Gladiando na arena Meu ataque é direto e reto Ódio e amor mesclado O amor é pelo meu povo Dose de ódio pros carrascos Família GOG Se liga pro plano de atitudes: Guerreiros da Nova Ordem Só Leão que ruge Invadindo as faculdades Sedes para debates Ações, reuniões Convocando a comunidade A senhora da lavoura O idoso com a marmita A menina no lixão Num barraco palafita Eu sou por todos nós Um guerreiro Legionário Aqui fala um rebelde Gato-preto, incendiário O incendiário, o incendiário: Eu sou o cobrador, o terror, em forma de gente O incendiário, o incendiário: Eu sou o cobrador, o terror, em forma de gente É, eu tive oportunidade De ser mais um entulho No lixão da humanidade Reaji,me reciclei, não foi fácil E me tornei Defensor do proletário Aí vai o depoimento Do incendiário: A cor da pele, a cabeça raspada O crime, a cara feia O retrato falado Parece comigo, mas não fui eu, já era Periferia vamos juntos pra guerra Cem por cento pro arrebento Mil graus Sem dar trégua Porque eu vim pra convocar os adormecidos Acordem Levantem, abram os olhos, venham comigo Não demorem Pra ação, revolução Inquisição da maldade Do pecado, da inveja e da vaidade Porque na oração do louco Só louco entende a vida O opressor quer minha cabeça Porque meu verso contamina Invadindo labirintos Becos, vielas castelos De madeira, de lona preta Até os mais belos Porque a chama que invade a mente É rebeldia em prol da gente Consequentemente Tarja Preta, pra quem tá doente O grito se propaga no verso irado É agressão Pra quem vê fogo por todos os lados Se alastrando em cima da base Rachando concreto, implodindo pilares Em muitos lugares, em vários andares Do arranha céu Mas também sou Liberdade Quebrando a algema no pulso do réu O amargo do féu Aqui o produto é inflamável Auto-corrosivo, na operação Meus modos são agressivos E que os verdadeiros não tenham medo de mim Porque a larva do vulcão sou eu Enfim Me rebelei carbonizador Em pleno século XXI O príncipe do castelo de madeira O cidadão comum Denis preto, realista Frio e calculista Aqui o incendiário Do Interior Paulista O incendiário, o incendiário: Eu sou o cobrador, o terror, em forma de gente O incendiário, o incendiário: Eu sou o cobrador, o terror, em forma de gente